quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Forro ecológico criado pelo Senai usa saco vazio de cimento




Um projeto dos formandos do curso técnico em construção civil-edificações da escola do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) João Martins Coube, de Bauru, promete ser uma alternativa tanto de aproveitamento sustentável dos materiais quanto de impulso econômico para diferentes setores.


A inovação, batizada de “Forreco” (originada de forro ecológico), baseia-se na produção de placas para forro concebidas a partir da transformação do papel dos sacos de cimento vazios.


O material é um dos principais itens de lixo nas construções e é de reciclagem considerada praticamente inviável economicamente.


Além de tirar do meio ambiente grande quantidade de detrito poluidor, cujo tempo de decomposição é alto e resulta em poluição do ar e de lençóis freáticos pela presença de resíduos do cimento em pó, a iniciativa também é de cunho socioeconômico, defendem idealizadores, professores e direção da escola.


“Além do caráter ecológico, também há o foco social”, destaca Ademir Redondo, diretor do Senai de Bauru. “Proporcionaríamos material de custo menor, com a possibilidade da implantação do forro até mesmo nos empreendimentos mais populares”, enaltece o aluno Cosme Cipriano, autor do projeto ao lado dos colegas Eliane Regina Ariosi Campos, Michel Lucas Medeiros e Gildo Bonfim da Silva.


A ideia faz parte do trabalho de conclusão de curso dos estudantes e fez sucesso durante a edição 2010 do programa “Inova Senai”, que premia alunos e professores da escola que apresentarem os melhores projetos de pesquisa aplicada. Exposta até anteontem em São Paulo, a proposta chamou a atenção de construtores e acadêmicos da área, além de ganhar destaque na mídia nacional.


Selecionado entre 132 projetos apresentados por alunos de todo o Estado, o trabalho dos estudantes bauruenses ficou entre os 40 melhores que buscam uma vaga na etapa nacional do concurso.


Do lixo para o teto

Para a elaboração do projeto, os alunos percorreram construções por toda a cidade e observaram a grande quantidade de sacos de papel descartados. Com o alto valor da reciclagem, resultante do custo para separar resíduos de cimento do papel, as embalagens se tornam problema ambiental caso não sejam destinadas para aterros ou bolsões específicos.


A partir do reaproveitamento, enfatiza o professor do curso e arquiteto Luiz Antônio Branco, é agregado valor a um material praticamente desprezado, inclusive por catadores de itens recicláveis.


As placas, assegura o arquiteto, são duráveis e possuem resistência. “Elas são reforçadas por fibras formadas pela própria permanência de resto de cimento junto ao papel. Esse é o contraponto. Não é viável reciclar, mas, ao mesmo tempo, isso deixa o material perfeito para o produto”, explica Branco.


“Além disso o próprio papel é de altíssima resistência”, acentua o professor, salientando, ainda, que os resíduos do cimento deixam as placas de forro resistentes ao fogo. Testes feitos com auxílio de maçarico comprovam essa característica, asseguram aluno e professor. “O fogo não atravessa”, garante Branco. “Claro que muitos outros testes ainda precisam ser feitos. Estamos em fase inicial”, pondera.


Entulho de construção deve ir para bolsão

Em Bauru, o entulho da construção civil legalmente recolhido é remetido para um bolsão controlado. Previsto pela resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que classifica os resíduos de acordo com categorias. O procedimento, além de evitar a poluição, seja do solo, ar ou visual, ainda auxilia no controle de outro problema ambiental, as erosões.


Os chamados resíduos inertes (tijolos, blocos ou cerâmicas), detalha o diretor do Departamento de Ações e Recursos Ambientais da Semma, por não necessitarem de qualquer processo de beneficiamento, quando não há incentivo para reaproveitamento por parte dos próprios construtores, são empregados no combate às fissuras no solo.


“Temos a lei municipal número 4.646, de 2002, que permite a utilização dos resíduos para conter a voçoroca e hoje destinamos para algumas áreas erodidas”, acrescenta o diretor do Departamento de Ações e Recursos Ambientais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), Sidnei Rodrigues.


Todo o material destinado ao bolsão da prefeitura é recolhido por transportadores especializados filiados à Associação dos Transportadores de Resíduos Inertes (Asten), com cerca de 30 filiados. “Eles próprios fiscalizam a qualidade do material que chega. Se for notado resíduo fora das características eles entram em contato conosco, além de também termos fiscal lá”, detalha.


Transportadores e empresas que depositam resíduos fora das especificações, ou seja, de outras categorias, como produtos químicos, são notificados e, em caso de reincidência, multados.


Os rejeitos de outras especificações, detalham o secretário Valcirlei Gonçalves da Silva e o diretor de divisão da Semma, são encaminhados para áreas adequadas em outras cidades, a cargo das próprias construtoras.


Caso a empresa seja flagrada depositando entulho de forma irregular, fica passível de advertência e multas variantes entre R$ 500,00 e R$ 50 mil. Mas um empreendimento da cidade chegou a totalizar mais de R$ 250 mil como punição pela prática. A multa é questionada pela empresa na Justiça. “Provavelmente ela vai perder todos os bens”, confia Rodrigues.


Fonte: http://www.gestaoderesiduos.com.br/residuo-construcao-civil.php?id=734

Nenhum comentário:

Postar um comentário